quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Debates

No dia 27/09 fui “intimada” a participar de dois debates. Num intervalo de tempo de mais ou menos 6 horas entre um e outro. Participei como ouvinte e critica.
O primeiro ocorreu entre 13:00 e 13:30 hs do dia 27/09. Estava eu a caminho do trabalho, no ônibus. Inicia-se a discursão sobre infra-estrutura e educação da região de Petrolina – Juazeiro, tendo como palestrantes uma jovem de aparentemente vinte e poucos anos e um homem de mais experiência, no que diz respeito a idade e por sua vez aparentando trinta e poucos,mas muito chei de si. Começa o “debate”:

-... Petrolina é mais desenvolvida, tem prédios e boa infra-estrutura, já Juazeiro só tem dois prédios, porque o terreno é muito acidentado, mas o governo tem ajudado no desenvolvimento daquela região criou Universidade Federal e tudo por lá. Aliás, acho que é isso mesmo, tem que se construir mais UF. (homem)

-Não concordo! O que tem que ser feito primeiro é melhorar o ensino de base, melhorar o primeiro e o segundo grau das escolas. Não adianta ter tantas UF e poucos com condições de continuar nelas. (mulher)

-Eh... Eh... De fato é justo. (homem)

Duas coisas a serem vistas. Primeira, não querendo ser feminista, mas somente ressaltando o show de raciocínio lógico, coerência e clareza que a mulher deu nada mais é do que o óbvio para uma melhor qualificação do ensino brasileiro. O segundo aspecto a ser percebido é que nem sempre aparente experiência de alguém é a voz da razão.

Prosseguindo no meu percurso, às 19:15hs, do mesmo dia debate anterior, novamente me deparo com um “Deja Vu”. Dessa vez as temáticas são economia e transporte. Só para ilustrar estava eu num engarrafamento infernal entre Itaigara-Iguatemi, ônibus lotado e muito cansaço. Só há um palestrante, mas esse valeu por três e algumas lendas e contradições. Segue o discurso:

-Que engarrafamento, hein motô?! Isso aqui nem com o metrô vai ter jeito. O metrô deveria passar por aqui, mas vou te dizer uma coisa, viu, esse metrô foi mal planejado e foi feito pra enganar os bestas. Primeiro o caminho é muito curto, segundo haja ônibus pra levar esse povo de Nova Esperança até Cajazeiras!(risos de ironia).

Não houve resposta, mas ele continuou o discurso, contemplando o enorme engarrafamento. E ao passar por um posto de gasolina emendou outro assunto:

-Os preços da gasolina tão um absurdo. Só aqui em SSA que é assim esse absurdo. Nem em SP é tão caro. Devia todo mundo ficar uma semana sem andar de carro, mas tinha que ser todo mundo mesmo, só andando de ônibus, hein motô?! Ouxi queria ver na hora os preços baixar!

Novamente desamparado, não obteve o apoio esperado. Pra finalizar com “Chave de Ouro”:

-Os preços tão assim, porque alguém precisa pagar a conta. O Brasil é pobre, todo dinheiro que entra é pra pagar a divida que tem com o Fundo Monetário Internacional. (todo cheio de si...)

Esse palestrante foi hilário! Conseguiu ganhar toda minha atenção. A começar pelo metrô, “que é pra enganar os bestas”, em minha opinião besta será ele se não usufruir mais esse bem público. Seguindo nas colocações dele, o “protesto” contra os preços da gasolina, talvez pudesse surtir algum tipo de efeito se durasse mais tempo. Agora pensa no Chaos que SSA se transformaria? Mais de um milhão de pessoas se espremendo nos ônibus da cidade. Acabo de me lembrar de um comentário desse mesmo cidadão: “haja ônibus pra levar esse povo de Nova Esperança até Cajazeiras!” se ele mesmo afirma que a cidade não tem ônibus pra levar os habitantes de uma estação para outro, quem dirá agüentar uma semana ou mais de protesto, sendo que todos devam andar de ônibus!
O desfecho do discurso é o melhor. O palestrante ainda vive na lenda urbana, que o Brasil deve até a alma ao FMI. Mal sabe ele que a divida que temos está sendo quitada, com pagamentos adiantados, e há três anos, período do governo Lula, o país não pede empréstimos e tem se resolvido bem,obrigada. Continuando no comentário, o Brasil não é tão pobre como ele afirma, muito pelo contrário, o país é riquíssimo, porém suas riquezas ainda são pouco aproveitadas e a renda é pessimamente distribuída, mas ainda hão de se achar uma solução pra tais problemas, nada está perdido.